domingo, setembro 09, 2007

Espelho.

Preparei-te sempre do outro lado do espelho.
Encontravas-me pela manhã e na voz trazias suave aroma de maçã&canela. Com palavras de compota, barravas-me lentamente todos os recantos da alma: Querias o teu travo em mim.
Quando me chocava com o meu não harmonioso reflexo, afogavas todos os arrepios desajeitados do meu cabelo no teu riso soluçado.
Sentia sempre esses atrevidos olhos de pêssego&chocolate rechearem-me os contornos com sensação de desejo e unicidade.
No fim do dia, ao recolher os sentidos, todas as palavras se gastaram numa só: disse-te “AMO-TE”.



Esgotavam-se as forças.
O corpo já havia entrado na destilação do sonho, onde as memórias reais e as intencionadas se separam, sem ocasião para garantir a sobrevivência decente do vazio que fica no meio.
Deste-me a mão.
Do pouco que a febre ainda não alcançou e o delírio traz virgem, deixo-te escrito no espelho que já foi nosso: “REZAREI POR TI. TODOS OS DIAS. POR NÓS. REZAREI AQUI, AO ESPELHO, POR NÓS.”

sábado, setembro 08, 2007

CALL 911 !


[SILÊNCIO]

Consegui conquistar o silêncio por entre estas quatro paredes agitadas. Deixo estrategicamente que ele me absorva.
Tento encontrar o momento certo. Cravar-lhe-ei as unhas nas vísceras e, de uma investida só, arrancar-lhe-ei toda a vida que é minha por direito.


[PÂNICO]

Estou apavorada e as minhas muralhas vazias fazem-me prever que eu acabei para o mundo lá fora, sem que ele acabe para mim.


[SOLIDÃO]

Valerá a pena se a alma está tão, tão pequena?...