"Stellar" - INCUBUS
segunda-feira, março 31, 2008
As vezes que te afasto da cabeceira
Às vezes, sem pedir, imploro para que me faças soar as badaladas palavras na ponta do lábio inferior.
Viro o incompleto e transbordante corpo incomodado.
Sinto o veludo escarlate da tua boca ferir-me. Beijas-me incessantemente o lado esquerdo da alma, e cada poro da minha pele descoberta mergulha na tua doce calma arrepiante.
Perco a cabeça no contorno forte dessas mãos que não sei pintar, que me esculpem o corpo que não tenho.
Engoles-me no teu abraço e deixas-me ficar em ti, ouvindo o sincronismo das nossas pulsações.
Sentia-te respirar no meu cabelo, percorrer-me a orelha. Agarraste-me num repente tenso a anca e o teu corpo pediu liberdade. Aí fiquei contigo.
E hoje sem ti, e contigo mais que nunca, nestas noites em que os frios lençóis absorvem o teu calor que vem de mim, nestas noites em que o sonho se desvanece numa manhã azeda, dói-me a tua presença vazia no meu colchão. Dói-me as saudades que não tens. Dói o nosso presente que teima em não chegar. Dói-me tão imensamente a segurança irreal que as tuas mãos nas minhas me dão. Dói-me a grande parte de mim que não sou eu. "Dóis-me" tu!
quinta-feira, janeiro 10, 2008
falta-me o Presente

Preciso da praia que fizemos nossa.
A areia tinha caranguejos que te mordiam a ponta do lábio superior.
As ondinhas do mar batiam no meu ombro esquerdo, salpicando-me de beijos frescos.
Aconchegámos a nossa cabana num forte e teso abraço.
Há tanto que havíamos descoberto o Mundo. Usava da tua tripulação para alcançar novos territórios no além-mar, sem nunca me ter apercebido que o meu horizonte era o teu sorriso.
Içamos as velas de novo. Sussurramos ao vento o que a alma não quer…
Um dia, talvez, me volte a faltar o Presente.
Suspiro inaudível
In Fazes-me falta, Inês Pedrosa
HOJE, SÓ POR SER OUTONO, VOU CHAMAR-TE "MEU AMOR”
CONTRA AS REGRAS DO QUE SOMOS, VOU CHAMAR-TE “MEU AMOR"
sábado, janeiro 05, 2008
mais um dia (que deixou de ser) em vão
O vento não se sentia na pele, mas num interior que desconhecia. Era oco e o eco nele abanava o Mundo, numa miscelânea de medos agudos.
Quem era a “borboleta” deste efeito?
A voz doce penetrou-me tão fundo, tão para lá do que quero do Mundo.
A mística sensual, sapiente do poeta apaixonado faz de mim fumo, leve e cinzento, em rodopios tontos.
A barba forte, a veia dilatada, a simplicidade do quarto, os livros, os lençóis amarrotados, a vida entre quatro paredes.
Esquartejou em algumas frases o meu presente. Tornou o meu singular, nosso plural em voz a solo.
Pingavam lágrimas azedas no interior, mas, subitamente, tive vontade de sorrir.
Oito da noite. O ipod voltava a soletrar a mesma vida. A noite cantava com ele. Palavras e momentos desconexos. Constantes e convictas negações.
E tudo isso, tudo isso que a noite me sussurra, é entre mim e o teu imaginário…
Vem que nem o último a cair vai perder.”
P.S- Não fosse o poeta mais do que dono da razão, mas da acção em si…
domingo, setembro 09, 2007
Espelho.
Encontravas-me pela manhã e na voz trazias suave aroma de maçã&canela. Com palavras de compota, barravas-me lentamente todos os recantos da alma: Querias o teu travo em mim.
Quando me chocava com o meu não harmonioso reflexo, afogavas todos os arrepios desajeitados do meu cabelo no teu riso soluçado.
Sentia sempre esses atrevidos olhos de pêssego&chocolate rechearem-me os contornos com sensação de desejo e unicidade.
No fim do dia, ao recolher os sentidos, todas as palavras se gastaram numa só: disse-te “AMO-TE”.
Esgotavam-se as forças.
O corpo já havia entrado na destilação do sonho, onde as memórias reais e as intencionadas se separam, sem ocasião para garantir a sobrevivência decente do vazio que fica no meio.
Deste-me a mão.
sábado, setembro 08, 2007
CALL 911 !

Tento encontrar o momento certo. Cravar-lhe-ei as unhas nas vísceras e, de uma investida só, arrancar-lhe-ei toda a vida que é minha por direito.
Valerá a pena se a alma está tão, tão pequena?...
quinta-feira, agosto 30, 2007
100 anos Miguel Torga

Que se não prova
Numa doçura
domingo, julho 01, 2007
sortuda !
DOMINGO:
Pés para dentro do carro já a manhã se avizinha.
Estavam cheios de energia. Queriam correr Lisboa; ver o Tejo; rodar na Praça de Sta. Catarina; descer ao metro; subir ao Cristo-Rei; criar raízes na secção de livros da Fnac; afugentar pombas em Sta. Apolónia;…
No fim de tudo, queriam calos de felicidade vivida.
SEGUNDA:
“Oh Nês, põe a mantinha nele, põe.”
E, enquanto trocava de casaquinho e me pedia para lhe calçar o pequeno sapatinho, tive que partilhar a manta e o conforto do colchão armado na sala, com o meu filhote de plástico.
Foi para a escolinha, morder os braços do “Matim” que às vezes é o “namoado qui dá vijinho na voca”.
(tem 2 anos, o “trastezinho”)
A Bia ficou.
Comemos cereais.
O Pai foi buscar o almoço e a minha ginasta de alta competição fugiu ao peixe cozido das Segundas por uma calórica lazanha com muito queijo e molho de tomate.
Ficou no treino.
De táxi até à Fnac.
O Ipod; “A Agonia do Planeta”; “Bjork – Volta”; gravador para as conferências da Mãe vêm e a minha máquina fotográfica, dependência cheia de prazer e nula no saber, ficou para conserto.
30 DIAS!
Sandes de queijo e Rolling Stones!
"I can get some" SATISFACTION!

Metro. Casa. Os bonecos, as bolas; as coloridas cozinhas de plástico e a Carolina já dormem um soninho.
Conversas de primas crescidas.
TERÇA:
Cedinho já não tenho manta.
“Nês Nês, vamos jogar à bola!”
Esfrego os olhos e sorrio mesmo que a maior vontade seja dormir, todo aquele carinho deixa-me feliz.
Jogámos.
Conversámos.
E, lá foi ela, outra vez para a escolinha, rumo aos braços do “Matim”.
Lá fiquei eu.
A Bia foi almoçar à escola.
Tinha treinos para a distrital (ou nacional) e nós tínhamos “O Corpo Humano” à nossa espera.
Sensacional! Valendo muito mais que a longa caminhada.
Ah… vi o Zé. Aquele que sendo “Alguém” apenas, consegue sê-lo de uma forma tão simpática.
O sorriso do Zé no meio da multidão do metro.
Antes de partir, ainda fomos ao Colombo.
Um livro pedido e não encontrado e a minha dor de cabeça nos últimos dias pelo acompanhamento musical executado – um leitor mp4 para a minha irmã.
Comboio – Aveiro.
Calos de felicidade vivida conseguidos.
contudo, sem nada.
Cansada de sonhar...
Contudo, insisto no vazio colorido do sonho tantas vezes experimentado, retocado...
…tao poucas REALIZADO. <3